segunda-feira, 6 de abril de 2009

As vozes...

"Don't waste your time on me you're already the voice inside my head..."

Todas as noites é a mesma coisa.
Todas as noites a cena se repete.
Enroscada no quentinho dos meus lençóis, o sono começa a chegar.
Mas mesmo antes de ele se apoderar de mim e me transportar para outro mundo, vêm as vozes.
Milhões de vozes ecoam na minha cabeça ao mesmo tempo.
Milhões de sons se misturam com elas.
Viro-me de um lado para o outro tentando afastá-las de mim.
É em vão.
Encaro o escuro do meu quarto e oiço-as.
Risos partilhados, choros escondidos, gritos inaudíveis, conversas enterradas na areia, conselhos e avisos ignorados, segredos sussurrados ao vento, pensamentos imortais, palavras carinhosas que permanecem no coração, vozes distantes e imperceptíveis, vozes desconhecidas, a minha voz.
Apetece-me gritar mas no silêncio da noite não posso.
Fecho os olhos e agarro os lençóis com força.
As vozes vão ficando cada vez mais intensas.
No meio de tantas vozes distingo uma que me chama.
Todas as noites, no meio de todas as loucas vozes, há sempre uma que me chama.
Todas as noites é alguém diferente.
E todas as noites sei quem é.
Abro os olhos e olho para o tecto.
Levo as mãos ao peito e sinto o bater do meu coração.
Preciso de saber que ainda estou viva.
Bate fortemente, prestes a explodir.
Fecho os olhos e começo a murmurar a minha música preferida.
Sinto o meu coração voltar ao seu batimento normal, a calma começa a instalar-se no meu corpo, as vozes distanciam-se.
Chego ao fim da música.
Está tudo calmo.
Apetece-me chorar mas contenho o choro.
Adormeço sentindo o bater do meu coração e uma lágrima fugitiva cair-me pelo rosto.
Adormeço ouvindo apenas uma voz.
A voz que me guia.
A voz do meu coração.

Um beijo dado no silêncio da noite,

H.N.

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