quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Dias de Chuva

"So bring on the rain, and bring on the thunder."

"Hoje está um dia bonito, está sol!"

Dizem que os dias de sol são bonitos e que os de chuva são feios.
Dias de chuva são feios, tristes, medonhos.
Eu não concordo.
Os dias de chuva para mim são belos, melancólicos, uma mistura entre a alegria e a tristeza.
Cada pingo leve, gelado e cortante que se perde entre tantos outros iguais, é como uma lágrima pesada, quente e angustiante.
Os dias de chuva são o meu reflexo.
Cada superfície molhada por essa água cristalina vinda do céu é como uma alma que se liberta e é limpa de todas as suas amarguras.
Cada nuvem escura e tenebrosa que preenche o céu é como um pensamento frustrado que rebenta e nos escapa por entre os lábios.
Cada cheiro a molhado que nos entra pelas narinas, infiltrando-se no nosso ser e tornando-se irresistível, é como o perfume de alguém especial.
Cada trovão que explode sobre as nossas cabeças é como um grito que há muito tempo está preso na nossa garganta e finalmente se libertou.
Cada raio que aparece e rasga o nublado tão rápido como desaparece, é como os momentos que não voltaremos a ter.
E cada som emitido pelo leve pingar, pelo rebentar do trovão, pelos passos molhados, pelo vento nas árvores, é como o bater do coração.
Os dias de chuva trazem-me memórias e músicas calmas ao pensamento.
A melancolia toma conta de mim.
Todos os ingredientes dos dias de chuva fazem o meu coração bater mais depressa a cada minuto, a minha mente embarca numa roda viva, o ar escapa-me dos pulmões, a voz prende-se na garganta, o mundo deixa de existir.
Preciso de voltar a sentir.
E é entre pingos frios e fortes que me molham os cabelos, o vento que sopra gélido na minha face, os trovões a ribombar por cima da minha cabeça e o cheiro a molhado a embrenhar-se no meu espírito, que eu me encontro.
Fecho os olhos, abro os braços e sorrio para o céu.
Sinto a fúria da Natureza invadir-me por completo.
E no fim, quando tudo abranda, sinto-me nova.
Sinto-me viva.
E quando o sol começa a espreitar por entre as nuvens cinzentas, o meu sorriso mantém-se.
Como os dias de sol, também os de chuva são belos.
E cada novo dia em que temos a oportunidade de abrir os olhos e encará-lo, é para ser enfrentado com um sorriso.
Porque são de sorrisos que são feitos os dias.
Porque são de sorrisos que é feita a vida.
Faça sol ou faça chuva.

Um beijo na chuva,

H.N.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Reencontro

"The story's far from finished,we could fill in all pages."

Foi num momento de riso que olhei em frente.
Foi num momento que os meu olhar bateu nele.
Foi num momento que o meu mundo parou.
Foi num momento que ao som do coração tudo voltou.
Foi assim que um ano depois o voltei a ver e a ter na minha vida.


Eu estava a rir de alguma piada e quando olhei em frente apenas o vi parado com ar perdido no meio de uma escola ainda desconhecida para ele.
O meu riso deu lugar a um largo sorriso e as vozes de quem comigo falava começaram a distanciar-se.
Naquele momento só ele, eu e o bater descontrolado do meu coração existiam.
Um ano inteiro sem ver a sua imagem, sem tocar a sua suave pele, sem ouvir a sua voz serena, sem sentir o cheiro do seu perfume, sem o sentir junto a mim.
E agora ali estava ele, parado na minha frente, tornando tudo mágico outra vez.
Um passo.
Não o podia deixar ir! Queria que aquele momento durasse mais.
-F!!
A minha voz escapou por entre os lábios, pronunciando o seu nome.
E no instante seguinte congelou, ao sentir os seus olhos verdes encararem a minha face rosada.
Parei de sorrir, sem saber o que fazer. Não era suposto tê-lo chamado, não era suposto ele me ter visto, não era suposto ele me olhar docemente, não era suposto o meu coração bater descontroladamente!
E novamente o meu mundo parou, o ar faltou, a pele se arrepiou, o coração rebentou e o sorriso voltou.
Aqueles olhos verdes brilhantes olhavam os meus, um sorriso preenchia a sua face e a sua mão para mim acenava.
-Olá!
Uma simples palavra acompanhada de um sorriso perfeito bastou para me derreter.
E com o mesmo sorriso ele voltou-se e seguiu o seu caminho por entre a multidão.
"I'm feeling sick, you're so contagious". Vezes sem conta esta frase estava a ser cantada na minha cabeça.
E com um sorriso idiota e apaixonado, fiquei a olhar para o local onde ele estivera parado a acenar.
E percebi que o que sinto por ele nunca desapareceu, apenas estava guardado à espera de um momento como este.
Um momento que marcasse o nosso reencontro.
O momento que marcasse o reencontro de dois corações.

-Ele acenou-te e sorriu!
-Tão querido!
-Quem é ele?
E com um sorriso nos lábios, um brilho no olhar e o coração nas mãos apenas respondi:
-Ele? Ele é O Tal.


Um beijo oculto nesse momento,

H.N.