A ténue luz da lua entra pela
janela aberta do quarto.
Os cortinados brancos esvoaçam ao
sabor da brisa que entra.
O som dos grilos quebra o
silêncio noturno.
Tudo está calmo e propício a uma
noite descansada.
Próxima paragem: sonhos.
Ou pelo menos, assim pensava.
A quietude da noite desvaneceu-se
assim que o meu olhar encontrou o teu.
Os teus olhos reluzem no escuro
do quarto e prendem os meus sentidos.
Começas a atravessar o quarto na
minha direção como um tigre prestes a caçar a sua presa.
Eu continuo hipnotizada pelo teu
olhar penetrante que me impede de mover ou sequer pensar.
A tua mão quente toca na minha
face gelada e desliza pelo queixo, pescoço, até ao ombro onde se detém.
Brincas com a alça do meu vestido
e um sorriso malicioso surge no teu rosto.
Os teus lábios aproximam-se da
minha orelha e sinto a tua respiração quente e controlada contra a minha pele.
Uma mordida na minha orelha e
fecho os olhos.
Fui caçada.
Os teus lábios trilham um caminho
de beijos suaves até ao ombro onde a tua mão estava pousada.
Olhas-me nos olhos e eu soube que
nada mais havia a fazer.
Colo os meus lábios aos teus e sinto
a tua língua a convidar a minha para brincar.
Habilmente, empurras as alças do
vestido, deixando-o cair no chão e revelando o meu corpo nu.
As tuas mãos escorregam até às
minhas nádegas, apertando-as com força, e num movimento rápido pegas-me ao
colo.
Continuo a beijar-te, perdendo-me
no sabor do teu beijo e puxando-te os cabelos.
Deitas-me na cama e quebras o
beijo.
O teu olhar percorre o meu corpo
e vejo a chama da luxuria dançar nos teus olhos.
Agarras a minha cintura com força
e beijas-me o peito.
Os beijos tornam-se molhados e
sinto a tua língua na minha pele, descendo até aos meus seios.
Beijas cada um deles como se
beijassem um botão de rosa.
A tua língua volta a navegar
pelas ondas do meu corpo até encontrar o tecido que cobre o tesouro que
procuras.
Olho para baixo e encontro o teu
olhar fixo no meu.
O sorriso malicioso volta a desenhar-se
nos teus lábios.
Mordes-me a anca de um lado
enquanto do outro os teus dedos começam a puxar o tecido para baixo.
Estou entregue a ti, ansiosa pelo
próximo movimento, desejosa de ser tua.
Próxima paragem: prazer.
“Próxima paragem:
Lisboa-Oriente”.
Lisboa-Oriente?!
Desperto da minha fantasia e no
meu campo de visão volta a surgir a carruagem de comboio onde estou sentada.
A minha pele está arrepiada, a
respiração pesada e a lingerie
molhada.
As pessoas levantam-se e seguem
em direção à saída.
Sinto-me perdida nesta carruagem,
desorientada pela minha fantasia, inebriada pelo prazer inacabado.
Até ver aquela face, com os olhos
penetrantes que me fixam e o sorriso provocador que paralisam os meus sentidos.
O comboio pára.
Atordoada pelas sensações que o
meu corpo não consegue controlar, levanto-me e vou até à porta.
Antes de sair, olho para trás.
Continuas a olhar para mim.
Piscas-me o olho e sinto as
minhas bochechas queimarem e o corpo incendiar-se de desejo.
Se nos voltaremos a encontrar?
Certamente. Se não numa carruagem
de comboio numa qualquer fantasia.
Próxima paragem: encontrar-te.
Publicado em: 69Letras
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