"Baby, you're all that I want
When you're lyin' here in my arms"
Mais uma daquelas noites de fazer os santos taparem os olhos e os diabos esfregarem as mãos.
O suor ainda escorre pelas minhas costas e pela tua cara corada de cansaço.
O som das nossas respirações ofegantes preenche o silêncio do quarto.
Sinto a minha face ruborizar. De certeza que estás a olhar para mim.
Páro de fixar o tecto branco e olho para o lado. Os nossos olhares encontram-se.
Rimos. Um riso nervoso, envergonhado, tolo. Risos de quem está feliz mas não sabe o que está a viver.
Continuo deitada a ver-te vestir.
Observo cada pormenor do teu corpo.
As pernas que me prendem, os braços que me confortam, as mãos que me exploram, o peito que me aninha, a boca que me enlouquece, os olhos que me despem.
Acabas de te vestir, penteias-te ao espelho e vês-me no reflexo.
Sorris para mim e vais ao meu encontro.
"Tenho de ir...", dizes.
Seguras a minha cara entre as tuas mãos e beijas-me.
Sais do quarto e segundos depois oiço-te sair de casa.
Não foi a primeira vez que estivemos juntos e, certamente, não terá sido a última. Mas nunca definimos o que temos.
Sexo casual? Não, é mais do que isso.
Amigos coloridos? Não, já não somos adolescentes.
Casal? Não, pelo menos que alguém saiba.
Amantes? Talvez.
Perdida na busca de uma definição que não existe, oiço o sinal de mensagem do telemóvel.
Uma mensagem tua.
"Vai à porta."
Estranho teres-te esquecido de algo.
Visto um roupão por cima do meu corpo nu e vou até à porta.
Junto dela, no chão, encostado à parede vejo um envelope e uma rosa vermelha.
Abro o envelope e verifico que tem apenas um papel. Um talão de dois cafés, de à dois meses.
Franzo o sobrolho. Reparo no nome do café. Foi o nosso primeiro café juntos.
Viro o talão e, escrito por ti, leio:
"O primeiro de muitos. Até amanhã! ;)"
Sorrio.
Não precisamos de definição.
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