segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Ainda...

"No matter how I fight it can't deny it just can't let you go..."

Depois de tudo ainda acreditei.
Acreditei que os sorrisos eram para mim. 
Que os olhares me eram dirigidos. 
Que o riso na tua voz era só meu.
Que as palavras me eram dedicadas.
Fiquei na sombra, como sempre pediste, por acreditar.
Cada toque da tua pele na minha parecia tão raro.
Cada sussurro apaixonado era como um segredo íntimo.
Cada beijo que davas tornava a realidade num sonho. 
Eu acreditava.
Agora, vejo-te no pequeno ecrã brilhante.
A tua face irradiada de felicidade.
Ao lado da dela. 
Daquela que descreves como o amor que sempre procuraste e finalmente encontraste.
Da que dizes ser a tua musa inspiradora.
A que olhas enamorado como se de uma deusa se tratasse. 
E percebo a ilusão que vivo. 
Quero apagar a tua cara da minha mente. 
Ensurdecer o teu riso. 
Repelir o teu toque. 
Não quero mais acreditar. 
A madrugada avança lenta como as lágrimas que me inundam o olhar. 
Fecho os olhos na esperança de adormecer. 
Talvez de manhã já não acredite. 
As batidas na porta sobressaltam-me. 
O meu corpo tem um piloto automático que me leva até à entrada. 
Do lado de lá da madeira sei que está a ilusão. 
Abro a  porta e os teus olhos encandeiam-me. 
O teu sorriso seca-me as lágrimas. 
O teu toque na minha cintura aquece-me. 
Faz-me sentir que sou eu. 
Sempre fui eu. 
Não procuras uma deusa do Olimpo nem uma musa que te inspire. 
Nem tão pouco procuravas o amor. 
Sempre o tiveste aqui, descompassado e ofegante no meu peito. 
Deixo que voltes a entrar. 
Finalmente, os teus lábios encontram os meus. 
E o teu beijo...oh, o teu beijo... 
Os teus braços envolvem o meu corpo.
Deixo-me ser tua.
Afinal... 
Depois de tudo ainda acredito. 

Mulher


1 comentário :