quinta-feira, 4 de maio de 2023

Cartas de Amor

"I'm not quite sure what I'm supposed to do
So I'll just write some love to you"

Queria escrever-te uma carta de amor.
Ou uma declaração bonita.
Mas, nenhuma palavra escrita me parece digna de ti.
Nem deste amor.
Algum poeta dizia que todas as cartas de amor são ridículas.
Impossível concordar. 
São sentimentos em estado puro. Escritos de fervor, paixão, desejo, intensidade. Quantas
delas ingénuas e tantas outras repletas de intenções.
Em comum todas guardam uma certeza: o amor. 
Descrever o amor não é fácil. Eu que o diga…
Perco-me no teu olhar, mas são os teus olhos que me levam num voo às nuvens. 
Sinto as pernas fraquejarem, mas é o teu toque que me enchem o corpo do mais prazeroso
formigueiro. 
Penso que o coração me vai explodir no peito, mas são os teus lábios que o detonam sem
piedade.
Esqueço-me de como é o mundo, mas é no teu abraço que o encontro. Queria escrever-te uma carta de amor, mas não é fácil colocar tanto sentimento em palavras.
Eu tento, mas sinto que nunca é suficiente. 
Mereces mais, cada vez mais, e não encontro nada que iguale a grandeza deste sentimento.
Poderia procurar inspiração nos enamorados versos dos poetas, nas vozes que cantam
apaixonadas canções, nos filmes em que o amor sempre triunfa. Mas, estão gastos.
E continuo a achar que nada se iguala à grandeza do que por ti sinto.
Então, procuro onde sempre sei que encontro.
Em ti.
E vejo o que de mais belo há nesta vida.
Pergunto-me como será possível que algo tão forte caiba numa palavra que resulta da união
de apenas quatro letras.
Amor.
É o que te chamo e tu sorris para mim. Só para mim. E é quando percebo tudo.
Amor. Apenas amor.
Imenso, louco, genuíno. 
Um amor que dá vontade. 
De gritar do topo do mundo. De pintar o teu nome nas paredes.
De amar e ser feliz. De escrever cartas de amor.
Sejam elas cheias de fervor, desejo e paixão.
Ou apenas ridículas, como esta que te escrevo.
Talvez o poeta tivesse razão. Tanto me importa, deixem-me ser ridícula.
Quero é amor e amar. Muito e só a ti.
Amor.

Publicado originalmente na edição de abril de 2023 do Jornal de Cá


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