quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desejo

"And the fever when I'm beside her, desire."

Um último retoque no cabelo ondulado, na face rosada pelo calor do vapor do banho acabado de tomar, nos lábios carnudos brilhantes devido ao gloss.
Oiço a porta da entrada abrir e a tua voz soltar um simpático "Boa Noite".
Um último olhar ao espelho, à minha imagem reflectida e ao sorriso confiante que se forma nos meus lábios.
Imperfeitamente perfeita.
Abro a porta e o meus olhos encontram os teus.
Caminho nos meus saltos altos até à sala, onde estás, e lanço o "Boa Noite" mais doce que consigo.
Sinto todos os olhares pousados em mim e um ligeiro calor nas bochechas.
Todos me respondem excepto tu, que continuas com o olhar preso em mim.
Sento-me e fico a olhar nos teus olhos que continuam a deslizar pelas minhas pernas.
Quando o teu olhar choca com o meu tentas disfarçar mas, já de nada te serve.
No teu olhar apenas vejo uma coisa.
Desejo.
Um desejo incandescente de que te queres libertar.
Preparamo-nos para sair.
Tu nem esperas que me levante e sais rapidamente para a rua.
Talvez o ar frio da noite te arrefeça as ideias.
Um pouco mais atrás chego eu e começamos a caminhar pelas ruas como dois completos desconhecidos.
Evitas olhar para mim.
A brisa nocturna refrescou-te mesmo.
No entanto, foi por pouco tempo.
O brilho das luzes, o calor dos corpos bronzeados, a mistura de vozes e idiomas e a falta da brisa actuam no teu corpo e na tua mente.
Sinto de novo o teu olhar pairar sobre a minha silhueta.
E lá está ele outra vez.
O desejo.
Aquele desejo que querias esquecer estava agora espelhado no teu olhar e percorria o meu corpo sem algum tipo de culpa.
Percorria as ondas douradas do meu cabelo; acariciava a minha face jovial; provocava-me os lábios brilhantes e sedentos por um beijo; descia pelo meu pescoço perfumado até cair no meu peito; agarrava a minha cintura como quem agarra a vida; e deslizava pelas minhas pernas como a mais pura e fina seda.
E queimava.
O teu desejo queimava o meu corpo, de tão ardente que era.
Mas eu não me importava pois, no meu interior o desejo que ardia por ti igualava o teu.
Eu era uma chama em movimento.
Tu eras a labareda que me impedia de apagar.
E foi naquela noite de céu negro, em que uma chuva de estrelas passava sobre nós, que sorrimos um para o outro.
Um simples sorriso de desejo que ateou o fogo.
Eu desejava-te.
Tu desejavas-me.
Nós desejavamo-nos.

H.N.

4 comentários :

  1. Texto explicito e intenso... Gostei =D
    Espero poder vir a ler mais textos como estes da sua autoria..
    Bjinhos

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  2. Podia estar melhor, se não fossem tantos pontos finais.
    Falta poder de narrativa e descrição, mas a base é boa.
    Continua.

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  3. Gostei imenso! ;)
    Gostei da forma como descreveste a situação e conseguia-se imaginar perfeitamente, na minha opinião, é disso que se fazem os grandes escritores - conseguirem fazer com que o leitor imagine perfeitamente uma situação descrita ainda que possa não ser igual à de quem a descreveu. Está muito bem este texto. :)

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  4. Os pontos finais, as descrições, tudo tal como está. É um texto lindo e desperta emoções ao leitor que fica, sem dúvida, preso à narrativa. Escreves com a alma, mate. adoro-o.

    Beijinho grande.

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