domingo, 3 de julho de 2016

Ainda bem que te foste embora...


"Little change of the heart, little light in the dark, little hope that you just might find your way up out of here"

Ainda bem que te foste embora e me deixaste livre.
Foram anos, encarcerada na prisão em que me mantinhas.
Dias em que o meu rosto era lavado por lágrimas.
Noites em que a minha alma se contorcia de dor.
Prendeste o meu corpo, com as tuas fortes amarras que a cada dia me deixavam mais uma ferida, mais uma marca da tua loucura.
Calaste a minha voz, apertando a minha garganta e levando-me a procurar refúgio no silêncio.
Fizeste-me tua prisioneira, escrava das tuas vontades, serva dos teus delírios.
E o pior…o pior foi teres-me feito deixar de acreditar em mim.

O meu corpo, a minha voz, os meus gestos, os meus pensamentos.
Quem era eu? Era uma desilusão.
A minha própria desilusão.
Mas houve sempre algo que nunca conseguiste contaminar.
A minha alma.
Que nunca desistiu de lutar por mim.
E foi ela que me ergueu, que me levantou o olhar em frente, que fez o sangue correr nas minhas veias, que soltou a minha voz.
Foi ela que me libertou de ti e me tornou na pessoa que hoje sou.
Forte, sem amarras, sem silêncios, com garra.
Dona de mim.
Eu.
Ainda bem que te foste embora, ansiedade, para eu renascer e ser livre.


(Texto vencedor do Desafio #17, tema "desilusão", de 7THINK)


rapariga à beira mar

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