Morrer

"Do you really want me dead or alive to torture for my sins?"

Bom é viver.

De morrer já estou farta.

Morrer de tédio, esta sombra que nos agarra e nos deixa apáticos como se nada fosse suficientemente bom para nos esforçarmos.

Morrer de dores, sejam elas psicológicas ou físicas, grandes ou pequenas, nossas ou dos outros, reais ou imaginárias, dolorosas ou só um choro por atenção.

Morrer de desilusão, quantas vezes provocada pelos outros sem se preocuparem mas quantas vezes não será essa desilusão auto infligida?

Morrer de cansaço, sentir que as forças nos abandonam e que já não dá para continuar por estarmos extenuados desta vida.

Morrer de saudades, ah, a morte mais dolorosa e bela, a saudade que nos traz tanta nostalgia e que tantos poetas eternizaram em palavras.

Morrer de fome, não a fome de alimento mas a fome de vencer, querer, ambicionar, essa fome que um mero alimento não sacia e exige ser alimentada por algo grandioso.

Morrer de solidão, triste sina que um dia todos enfrentamos e nos faz sentir que não pertencemos a este mundo.
Morrer de medo de não ser ninguém e, no fundo, de ser alguém é uma contradição que nos mata lentamente e nos consome a cada decisão.

Morrer de rir, que morte tão saborosa é esta que faz cócegas na barriga, nos ilumina o olhar e nos rouba a alma em forma de gargalhadas?

Morrer de amores, é deixar o coração parar e não o querer voltar a usar, sentir que o mundo desabou e que somos um corpo que vagueia sem rumo.

Morrer de viver, a mais estranha forma de morrer, a mais incompreendida, a mais assustadora, a mais profunda e a qual de que todos um dia morremos.

Nada nos pode salvar das mortes.

Morremos todos os dias, cada dia um pouco mais, cada dia da mesma morte, cada dia de mais uma ou outra morte.

Só uma coisa nos salva.

Viver.

E, temos de admitir, bom é viver!