"Oh, can't you see you belong to me?"
Fomos feitos um para o outro, mas não agora.
Talvez noutro tempo, noutro lugar, noutra vida.
Aqui somos apenas eu e tu. No agora não existe o pronome nós.
Fazemos parte dos inúmeros desencontros da vida.
Somos retas paralelas destinadas ao infinito sem nunca se encontrarem.
Existimos no mesmo plano sem nunca nos tocarmos.
Ou assim deveria ser, mas quis o acaso trocar-nos as voltas.
Os meus olhos pousaram em ti e lá se demoraram.
Aventuraram-se pelo teu corpo, trilhando caminhos que ficarão em sigilo.
O teu sorriso surgiu e ateou o fogo no meu peito.
Deixo a imaginação decidir que outros fogos esses lábios poderiam começar.
As nossas mãos tocaram-se e na clandestinidade nasceu um vício.
A tua pele na minha unidas num silêncio ruidoso.
Fundem-se as nossas vozes em harmonia musical.
Soltam-se os nossos risos em secreta cumplicidade.
Nossas, nossos…o nós não existe!